From Islam to Christianity: Urban Changes in Medieval Portuguese Cities
Trindade,Luísa
Religion and Power in Europe : Conflict and Convergence (Pisa, 2007)
Abstract
Abstract Focusing on the Islamic urban pattern in the actual Portuguese territory, the present study underlines the confrontation with the Christian urban model in the period post- Reconquista. Emphasizing both the complexity and variability of Muslim presence in Gharb al-Andalus and the Christian take over process, this chapter goes through two different situations: the appropriation and adaptation of the most important symbolic or strategic places — alcáçova and medina — where properties massively changed hands and the compulsory resettlement of the Muslim previous inhabitants in peripheral and closed quarters known as mourarias. Under different pressures and obeying distinct necessities both situations suggest the eventual disappearance of the Islamic pattern, which recent archaeology proves to have existed especially from river Tejo to the south according to the social, political and military framework that from the very beginning, but in particular through the 11th to the 13th centuries, marked the southern territories. Even though Portuguese archaeological investment in the urban medieval context is still rare – with the exception of Mértola, Silves Tavira or Lisbon – the most recent conclusions suggest an evident proximity to the evolution already studied in Spanish towns with similar historical processes such as Murcia, Valencia or Toledo, where, besides the final result, the transformation process can be followed step by step being therefore an important base for understanding the fossilization of the Islamic pattern in Portuguese territory.
Abstract – in Portuguese
Incidindo sobre a questão da matriz urbana islâmica no território actualmente português, a presente análise tem por objectivo aferir o resultado do confronto com o modelo cristão no período pós-reconquista. Destacando a complexidade e variabilidade do quadro de implantação do Islão no Gharb al-Andalus a par do processo de conquista cristã, a análise parte de duas realidades distintas: a apropriação e adaptação dos espaços nobres e estratégicos —Alcáçova e Medina — onde se verifica uma transferência maciça de propriedades e a reinstalação em bairros próprios e de forma compulsiva dos contingentes muçulmanos que, embora submetidos, optaram por permanecer no reino.Sujeitas a pressões e necessidades diferentes ambas as situações sugerem, no entanto, o desaparecimento da matriz islâmica que a arqueologia comprova ter existido sobretudo nas regiões a sul do Rio Tejo, de acordo com o quadro social, politico ou estratégico-militar que desde o início, mas com especial incidência no decorrer dos séculos XI a XIII, marcou os territórios meridionais. Se no primeiro caso as necessidades da população cristã levam, pelo menos numa primeira fase, à apropriação da esmagadora maioria de estruturas e edifícios singulares — circuitos defensivos, alcáçovas e mesquitas — ainda que genericamente adaptadas e transformadas, o tecido urbano residencial, inadequado e incompreendido pelos conquistadores cristãos, parece, invariavelmente, ser sujeito a uma de duas opções: o abandono puro e simples das estruturas existentes — reocupadas as áreas já em finais da Idade Média mas raramente recorrendo à sua reutilização ou a sua ocupação condicionada a um conjunto de transformações que inevitavelmente determinaram a desestruturação do modelo mediterrânico e consequente fossilização da matriz islâmica. Pese embora as ainda raras, e por regra pontuais investigações arqueológicas — com excepção para os casos de Silves, Mértola, Tavira ou Lisboa — as conclusões apresentadas sugerem uma clara aproximação à evolução registada em várias cidades espanholas referentes ao mesmo período e a conjunturas muito similares, caso de Múrcia, Valência ou Toledo, onde para alem do resultado final, todo o processo de transformação tem vindo a ser minuciosamente registado. No segundo caso, correspondente às Mourarias, analisa-se em paralelo o conjunto de pressões decorrentes da Reconquista e reinstalação — com implicações evidentes na esfera social, demográfica ou regime de propriedade — e os traços materiais que a escassez documental ou os vestígios cadastrais remanescentes deixam, apesar de tudo, transparecer. Uma vez mais, os resultados sugerem uma ausência generalizada do que possa ser considerado matriz urbana islâmica revelando, pelo contrário, uma progressiva adaptação aos costumes cristãos e a consequente assimilação pela maioria à semelhança do que foi já comprovado para o quadro social.
From Islam to Christianity: Urban Changes in Medieval Portuguese Cities
Trindade,Luísa
Religion and Power in Europe : Conflict and Convergence (Pisa, 2007)
Abstract
Abstract Focusing on the Islamic urban pattern in the actual Portuguese territory, the present study underlines the confrontation with the Christian urban model in the period post- Reconquista. Emphasizing both the complexity and variability of Muslim presence in Gharb al-Andalus and the Christian take over process, this chapter goes through two different situations: the appropriation and adaptation of the most important symbolic or strategic places — alcáçova and medina — where properties massively changed hands and the compulsory resettlement of the Muslim previous inhabitants in peripheral and closed quarters known as mourarias. Under different pressures and obeying distinct necessities both situations suggest the eventual disappearance of the Islamic pattern, which recent archaeology proves to have existed especially from river Tejo to the south according to the social, political and military framework that from the very beginning, but in particular through the 11th to the 13th centuries, marked the southern territories. Even though Portuguese archaeological investment in the urban medieval context is still rare – with the exception of Mértola, Silves Tavira or Lisbon – the most recent conclusions suggest an evident proximity to the evolution already studied in Spanish towns with similar historical processes such as Murcia, Valencia or Toledo, where, besides the final result, the transformation process can be followed step by step being therefore an important base for understanding the fossilization of the Islamic pattern in Portuguese territory.
Abstract – in Portuguese
Incidindo sobre a questão da matriz urbana islâmica no território actualmente português, a presente análise tem por objectivo aferir o resultado do confronto com o modelo cristão no período pós-reconquista. Destacando a complexidade e variabilidade do quadro de implantação do Islão no Gharb al-Andalus a par do processo de conquista cristã, a análise parte de duas realidades distintas: a apropriação e adaptação dos espaços nobres e estratégicos —Alcáçova e Medina — onde se verifica uma transferência maciça de propriedades e a reinstalação em bairros próprios e de forma compulsiva dos contingentes muçulmanos que, embora submetidos, optaram por permanecer no reino.Sujeitas a pressões e necessidades diferentes ambas as situações sugerem, no entanto, o desaparecimento da matriz islâmica que a arqueologia comprova ter existido sobretudo nas regiões a sul do Rio Tejo, de acordo com o quadro social, politico ou estratégico-militar que desde o início, mas com especial incidência no decorrer dos séculos XI a XIII, marcou os territórios meridionais. Se no primeiro caso as necessidades da população cristã levam, pelo menos numa primeira fase, à apropriação da esmagadora maioria de estruturas e edifícios singulares — circuitos defensivos, alcáçovas e mesquitas — ainda que genericamente adaptadas e transformadas, o tecido urbano residencial, inadequado e incompreendido pelos conquistadores cristãos, parece, invariavelmente, ser sujeito a uma de duas opções: o abandono puro e simples das estruturas existentes — reocupadas as áreas já em finais da Idade Média mas raramente recorrendo à sua reutilização ou a sua ocupação condicionada a um conjunto de transformações que inevitavelmente determinaram a desestruturação do modelo mediterrânico e consequente fossilização da matriz islâmica. Pese embora as ainda raras, e por regra pontuais investigações arqueológicas — com excepção para os casos de Silves, Mértola, Tavira ou Lisboa — as conclusões apresentadas sugerem uma clara aproximação à evolução registada em várias cidades espanholas referentes ao mesmo período e a conjunturas muito similares, caso de Múrcia, Valência ou Toledo, onde para alem do resultado final, todo o processo de transformação tem vindo a ser minuciosamente registado. No segundo caso, correspondente às Mourarias, analisa-se em paralelo o conjunto de pressões decorrentes da Reconquista e reinstalação — com implicações evidentes na esfera social, demográfica ou regime de propriedade — e os traços materiais que a escassez documental ou os vestígios cadastrais remanescentes deixam, apesar de tudo, transparecer. Uma vez mais, os resultados sugerem uma ausência generalizada do que possa ser considerado matriz urbana islâmica revelando, pelo contrário, uma progressiva adaptação aos costumes cristãos e a consequente assimilação pela maioria à semelhança do que foi já comprovado para o quadro social.
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